Políticas públicas são eixo importante para o manejo da obesidade

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Congresso Internacional traz políticas públicas como aliadas no manejo da obesidade

Evento ocorreu em junho e contou com a participação do Painel Brasileiro da Obesidade; discussões juntaram estratégias de prevenção e tratamento

André Derviche Carvalho

4 de jul de 2024 (atualizado 2 de set de 2024 às 20h10)

O Congresso Internacional de Obesidade, que ocorreu entre os dias 26 e 29 de junho, debateu a obesidade sob a perspectiva clínica e de políticas públicas. Além disso, as mesas do Congresso encararam com sintonia a prevenção e tratamento. O PBO (Painel Brasileiro da Obesidade), iniciativa do Instituto Cordial, marcou presença no evento.

A Federação Mundial de Obesidade, com apoio da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade), organizou o evento, que contou com mais de 120 sessões e cerca de 70 convidados internacionais. Entre os participantes, estiveram representantes do Ministério da Saúde e do Desenvolvimento Social do Brasil.

“Os congressos sobre obesidade eram extremamente médicos. Havia um olhar médico sobre a questão, que é fundamental. Mas vimos espaços para outras vozes, que não só as médicas, mas da política, da nutrição”, diz Guilherme Nafalski, coordenador do PBO.

Com isso, além da discussão médica, o Congresso também trouxe uma abordagem das políticas públicas para a obesidade. Nesse sentido, as mesas contaram com temas como a políticas de promoção da alimentação saudável, por exemplo. No caso do Brasil, o PBO foi um dos atores a apoiar a exclusão de alimentos ultraprocessados na cesta básica.

Políticas públicas para prevenção e tratamento

Para Guilherme Nafalski, atores ligados ao manejo da obesidade, sejam da parte clínica ou da parte política, tendem a encarar a prevenção e o tratamento da doença com cada vez mais convergência. Ou seja, já há um entendimento que a redução da prevalência da obesidade depende não só do fortalecimento das linhas de cuidado, mas de políticas para prevenir novos casos.

É nesse contexto que se inserem políticas de promoção da alimentação saudável. Mais especificamente, é nesse contexto que se insere políticas de rotulagem de alimentos. Nesse sentido, cada país possui uma realidade distinta, e o Congresso Internacional de Obesidade serviu para que os atores compartilhassem experiências.

“Todos convergiram para a necessidade de ação. Havia uma tônica de conjunção de esforços para redução da prevalência. Precisamos ajudar a solucionar juntos essa questão de saúde com uma pactuação entre o olhar médico e o olhar de política pública”, diz Guilherme.

O Brasil no contexto internacional da obesidade

Duas representantes do governo federal, que já marcaram presença em eventos do Instituto Cordial, marcaram presença no Congresso Internacional de Obesidade. Gisele Bortolini, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, e Kelly Alves, do Ministério da Saúde.

No contexto brasileiro, os debates passaram sobre a agenda de alimentação do governo federal brasileiro. “Pôde ser visto como isso está estruturado dentro de uma política que acaba recaindo na reforma tributária”, analisa Guilherme lembrando que a política tributária tem o poder de onerar ultraprocessados enquanto prioriza os alimentos in natura.

Além disso, foi possível notar uma sinergia entre o framework preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e a linha de cuidado para obesidade estabelecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Isto é, a ideia de serem baseados na atenção básica, na vigilância em saúde e na educação nutricional para frear o avanço da obesidade.