Painel Brasileiro da Obesidade
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Guia chancelado pelo PBO orienta profissionais de educação física sobre como estimular a aderência de pessoas com obesidade ao exercício físico
André Derviche Carvalho
18 de jan de 2024 (atualizado 2 de set de 2024 às 20h12)
No mundo dos exercícios físicos, é muito comum ver pessoas iniciarem uma rotina de treinos, mas rapidamente a abandonar. No caso de pessoas com obesidade, essa tendência pode ser ainda maior. Por isso, separamos algumas dicas de como um profissional da educação física pode estimular a aderência ao exercício físico.
As orientações partem do Guia para a prescrição de exercícios físicos com foco na aderência para adultos com obesidade. O documento é produto da tese de doutorado de Anne Streb, pesquisadora na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). O objetivo é indicar soluções para problemas como a desistência de pessoas da prática de exercícios físicos.
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“O exercício físico é uma das formas utilizadas na prevenção e no tratamento e é necessário para compor esse manejo dessa doença, mas ainda temos um problema grande que é a aderência”, explica Anne.
Já não é novidade que os exercícios físicos trazem uma série de benefícios para a saúde cardiovascular, metabólica e mental de quem os pratica. Porém, muita gente ainda tem dificuldade para manter a prática regular de atividade física. É isso que se chama de aderência ao exercício físico.
Anne explica que há várias teorias que explicam a dificuldade por trás de manter, por exemplo, uma rotina na academia. No caso da pessoa com obesidade, essas dificuldades podem ser até maiores: “Engajar na atividade física pode ser mais difícil pelas limitações físicas, pelo medo do julgamento social, pela falta de confiança e autoestima, pela falta de suporte social e pela falta de conhecimento e orientação profissional”.
Assim, é papel do profissional de educação física criar ambientes e contextos mais favoráveis que atraiam o participante para a prática e, desta forma, estimulem a aderência ao exercício físico.
A aderência ao exercício físico é um processo não linear, tampouco igualitário para as pessoas. Esse processo pode ser marcado por fases ou etapas que podem acontecer em diferentes configurações de tempos e espaços, variando de acordo com o contexto em que os participantes estão inseridos.
Não basta somente saber dos benefícios que a prática de exercícios físicos pode trazer para a vida, mas é preciso também manter-se ativo nessa prática. “Só saber dos benefícios não tem sido efetivo. Isso acontece todos os dias. As pessoas tentam aderir a esse comportamento e grande parte desiste”, diz Anne.
Pensando nesse contexto, o Guia separou algumas orientações para que profissionais da educação física consigam manter seus pacientes ou clientes engajados nos exercícios físicos. Basicamente, as dicas referem-se à abordagem desse profissional para com a pessoa com obesidade. Confira:
Durante o primeiro contato, é importante adotar um tom colaborativo por meio de uma entrevista motivacional, por exemplo. “Que a gente possa ter um tempo para conversar com os participantes e entender o histórico dessa pessoa, as experiências antigas relacionadas à prática e as expectativas deles. Que essa conversa tenha uma abordagem colaborativa que se proponha a ajudar e não uma abordagem de enfrentamento”, aponta Anne.
Então, se você é profissional da educação física e não quer que o seu paciente ou cliente desista dos treinos, aqui vão algumas dicas:
Já na hora de montar treinos, o profissional da educação física deve considerar alguns aspectos. Por exemplo, além de indicar o treino, é preciso supervisionar a execução e o progresso. Também é importante ajustar o período de aquecimento e desaquecimento e ajustar a intensidade. Afinal, o treino não pode ser nem muito forte, nem muito leve se a ideia for manter a aderência ao exercício físico.
No fim das contas, a chave é manter a pessoa ativa e participante no processo. Entender suas limitações, incentivar o diálogo e dar um apoio são passos fundamentais. Por isso, o profissional deve conhecer seu público a partir de entrevistas, montar um treino adaptável, reavaliar o paciente e oferecer ajustes na prescrição dos treinos.
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