Lançamento do Working Paper sobre Imagem Corporal de pessoas com obesidade - Painel Brasileiro da Obesidade

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Lançamento do Working Paper sobre Imagem Corporal de pessoas com obesidade

Painel Brasileiro da Obesidade promove estudos e lança working paper sobre imagem corporal e os impactos da estigmatização na percepção das pessoas com obesidade sobre si mesmas

Laura Toyama Cardoso de Souza

13 de abr de 2023 (atualizado 13 de abr de 2023 às 11h12)

O Painel Brasileiro da Obesidade acaba de lançar working paper inédito sobre Imagem Corporal de pessoas com obesidade. A partir da análise de diferentes contextos, expôs de que forma as experiências sociais são capazes de influenciar diretamente a percepção corporal de um indivíduo e vice-versa. A partir dessa premissa, um panorama nacional sobre estética e estigmas de peso foram traçados. Para acessar o documento, clique aqui.

A metodologia adotada pelo working paper consiste em uma análise aprofundada de literatura sobre o tema de imagem corporal, pesquisa de trabalhos acadêmicos e dados em plataformas específicas, documentos institucionais, reportagens e relatos pessoais de pessoas com obesidade. A partir disso, o estudo foi organizado em diferentes categorias temáticas como contexto familiar, amoroso, de trabalho e social.

Os diferentes contextos na formulação da imagem corporal

O ambiente familiar é o primeiro espaço de socialização do indivíduo e possui enorme influência na percepção do indivíduo sobre si mesmo, adquirida ainda na infância. Esse ambiente, no entanto, pode se demonstrar por muitas vezes nocivo e suscetível a pressões tanto internas quanto externas do que seria um corpo e um peso ideal.

Outro importante contexto para a questão da imagem corporal é o amoroso. Um relacionamento saudável pode ser um suporte importante na promoção de rotina mais saudável, busca por tratamentos e apoio emocional da pessoa com obesidade. Por muitas vezes o preconceito faz com que as pessoas com obesidade reprimam sua sexualidade e se isolem com receio das violências as quais podem estar suscetíveis em ambientes sociais. Segundo o working paper e alguns estudos sobre o tema, são as mulheres as que mais sofrem com a pressão estética, vergonha do próprio corpo e a crença na inaptidão física por conta da obesidade, que representam barreiras para estabelecerem relacionamentos saudáveis.

O ambiente de trabalho e os espaços públicos também representam fatores muito significativos para o tema. Há evidências de que pessoas com obesidade são sub-representadas em cargos de chefia, costumam receber salários menores e também serem desclassificadas de processos seletivos por conta do peso. Esse cenário tem como uma de suas principais consequências o que os especialistas chamam de empobrecimento da obesidade, que consiste na queda de renda devido à falta de oportunidades para pessoas com obesidade devido à suas condições físicas.

No contexto social, a principal problemática é a falta de acessibilidade e adaptação do espaço público para diferentes tipos de corpos. Transporte, academias, hospitais, escolas e outros ambientes não são construídos e tampouco atualizados para atender pessoas com obesidade, que acabam se afastando desses locais.

Considerações finais e sugestões de encaminhamento

A análise que o working paper se propõe a fazer sobre imagem corporal é mais uma evidência de que há ainda no Brasil um grande estigma sobre o tema. Também observa-se uma estigmatização estrutural  através da falta de acessibilidade dos espaços públicos e um desprestígio das discussões que pretendem abordar a obesidade como uma questão de saúde pública.

Esse conjunto de estigmas, somados a barreiras no mercado de trabalho, no desenvolvimento de relações afetivas e a gordofobia são responsáveis pela imagem corporal negativa das pessoas com obesidade. As consequências disso são maior índice de isolamento, baixa autoestima e constrangimento para esses indivíduos.

Como encaminhamentos, o working paper sugere que se desenvolva políticas públicas que deem atenção à obesidade e a adequação dessas pessoas nos ambientes públicos, além de incentivar sua participação na formulação dessas políticas. Também é preciso dar atenção à pobreza na obesidade e seus impactos socioeconômicos para a sociedade como um todo.