Painel Brasileiro da Obesidade
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Terapia ocupacional propõe intervenções em diversas esferas da vida do paciente e fortalece cuidado integral da obesidade
André Derviche Carvalho
28 de set de 2023 (atualizado 2 de set de 2024 às 20h11)
Como doença multifatorial, a obesidade exige do sistema de saúde um cuidado integral. Isso significa que várias áreas da vida do indivíduo devem ser impactadas durante o tratamento. Com isso, a terapia ocupacional surge como uma ferramenta valiosa no cuidado da obesidade.
A prática da terapia ocupacional tem três focos: o indivíduo, o que inclui condições físicas e psicológicas; suas ocupações, ou seja, atividades do dia a dia, como trabalho, educação e descanso; fatores ambientais que podem condicionar determinadas tarefas.
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Nesse sentido, a terapeuta ocupacional Elisabete Roldão, que também é professora da Escola Superior de Saúde de Leiria, em Portugal, destaca o papel que a terapia ocupacional tem no apoio à alimentação do indivíduo: “Ela é uma atividade da vida diária e pode ser uma atividade instrumental”.
Ela lembra que a alimentação é um processo complexo, que não inclui só o ato de ingerir os alimentos, mas também de escolhê-los conforme a acessibilidade e oferta. “No nosso dia a dia, temos alguns papéis que assumimos e que estão relacionados à alimentação. Por exemplo, é papel de um pai ou de uma mãe alimentar o seu filho. Em cada papel, temos determinadas funções e tarefas”, completa Elisabete.
É justamente compreendendo essas funções e tarefas, que variam de pessoa para pessoa, que também se entende o surgimento de distúrbios alimentares. No cuidado da obesidade, essa compreensão é importante, afinal, esses distúrbios são fatores de risco para o surgimento da doença, como é o caso do Transtorno de Compulsão Alimentar e da Hiperfagia.
Assim, a terapia ocupacional propõe uma série de intervenções: avaliação do contexto, de hábitos e rotinas; planejamento de uma nova rotina com novos compromissos em conjunto com o paciente; implementação do que foi planejado com o acompanhamento; reavaliação para identificar os avanços e os obstáculos.
“É realmente importante perceber os hábitos e rotinas. Uma dieta por si só nem sempre funciona, porque o comportamento que desencadeia o aumento de peso, se não for alterado, mais cedo ou mais tarde a pessoa volta à mesma rotina, hábito ou comportamento e ganha peso”, pontua Elisabete.
A terapeuta ocupacional ressalta que é importante haver um envolvimento por parte da família, amigos e cuidadores do paciente de forma que cada um entenda seu papel no cuidado. No caso da obesidade infantil, ela sugere estabelecer novas rotinas com os mais novos. Por exemplo, evitar passar com frequência em fast foods ou nos corredores de ultraprocessados nos mercados.
As intervenções que a terapia ocupacional propõe também vão no sentido de fortalecer a autoestima do indivíduo com obesidade. Além de melhorar a condição física do paciente por meio da mudança de hábitos e atitudes, a terapia tem o poder de incrementar a confiança para se manter firme no cuidado.
Tudo isso deve ser feito com acompanhamento não só de médicos e nutricionistas, mas também de psicólogos e educadores físicos. Assim, a melhora aparece no nível físico e mental.
No caso da obesidade infantil, os pais ganham uma importância maior nesse processo, como explica Elisabete: “Temos que perceber se a criança quer mudar. Quando ela consegue identificar isso, podemos ajudá-la a ter resultados e superar a dificuldade, mas não mudamos nada se a criança não quer mudar”. Ela destaca que as brincadeiras ao ar livre são uma boa forma de prevenir e cuidar da obesidade.
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