Painel Brasileiro da Obesidade
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Estudos mostram que fatores socioeconômicos e raciais ajudam a definir os níveis de atividade física de lazer da população
André Derviche Carvalho
13 de ago de 2025 (atualizado 13 de ago de 2025 às 10h43)
A prática da atividade física por lazer, ou seja, fora do contexto de trabalho ou doméstico, é restrita a certos níveis socioeconômicos, raças e gênero no Brasil. Isso porque desigualdades sociais são também marcadores de saúde. Nesse sentido, a classe social, raça e gênero podem definir o quanto uma pessoa tem acesso à prática de atividade física.
Por exemplo, o estudo publicado na revista Human Kinetics avaliou a prática de atividade física entre adultos brasileiros segundo critérios da OMS (Organização Mundial da Saúde). A Organização recomenda ao menos 150 minutos semanais de atividade física moderada. Na pesquisa, ficou claro que pessoas com níves socioeconômicos mais altos praticam mais atividade física.
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Além disso, o estudo considerou aspectos de gênero. Nesse sentido, mulheres tendem a praticar menos atividade física que homens. Isso pode ser atribuído, por exemplo, ao tempo gasto em funções domésticas e de cuidado.
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Além do tempo, outro fator a se considerar é o acesso a equipamentos para a prática de atividade física. Classes mais empobrecidas têm menos equipamentos a disposição, o que acaba sendo um desestímulo ao exercício físico. Fatores como iluminação, presença (ou ausência) de ciclovia e disponibilidade de parques também influenciam no quanto uma pessoa vai praticar atividade física de lazer.
A OMS lançou recentemente a campanha Every move count, ou “Todo movimento conta”, para promover a atividade física. Ou seja, não é somente em uma academia que se pode cumprir com a dose semanal de exercício físico. O lar e até mesmo o ambiente de trabalho podem ajudar a chegar na meta.
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Porém, um estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública mostrou que, no Brasil, a atividade física associada ao domínio do trabalho pode estar associada a sintomas depressivos.
“No Brasil, essa atividade física fora do contexto do lazer, especialmente no contexto doméstico e do trabalho, está muito mais ligada a uma desvantagem social. Isso vai refletir nos benefícios, ou ausência dos benefícios”, explica Bruna Gonçalves, professora da Faculdade de Medicina da UFPel (Universidade Federal de Pelotas).
Portanto, a professora Bruna lembra que é papel dos governos facilitar para os indivíduos a escolha da atividade física na vida rotineira. É isso que garante um acesso seguro, saudável e equitativo: “Normalmente quando uma política de atividade física é implementada, quem vai se favorecer primeiro são as pessoas que menos precisam. Temos que minimizar essas questões”.
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