Painel Brasileiro da Obesidade
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Working paper apresenta as principais bases de dados para mensurar os custos da obesidade e avança na compreensão dos impactos da doença
Instituto Cordial
3 de ago de 2023 (atualizado 3 de ago de 2023 às 19h25)
O PBO (Painel Brasileiro da Obesidade) lançou um working paper que destrincha um dos fatores mais complexos no universo da obesidade: os custos dessa doença para o indivíduo e para os sistemas de saúde. Lançado nesta quinta (03), o estudo conceitualiza os principais tipos de custo da obesidade e apresenta as bases de dados mais confiáveis para a missão de mensurar esses valores.
“Custos econômicos da obesidade no Brasil: aspectos metodológicos” serve para diversos públicos, desde pesquisadores da área da saúde pública até profissionais ligados à saúde suplementar. Como mostra o estudo, medir os custos da obesidade ajuda a identificar as principais fontes de gastos associados à doença e, assim, direcionar investimentos para o cuidado da obesidade. Ou seja, é também instrumento importante para a formulação de políticas públicas.
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“Essa análise oferece informações importantes para controlar a obesidade, resultando em medidas mais eficientes, redução dos impactos socioeconômicos e melhor qualidade de vida para todos”, explica Jaqueline Gentil, pesquisadora do PBO, responsável pelo estudo.
A pesquisa aponta que há três tipos de custo que podem ser associados à obesidade: os diretos, indiretos e intangíveis. Custos diretos são aqueles relacionados ao tratamento da doença e das suas complicações. Entram nessa conta os gastos com consultas médicas, exames, internações e até alimentação especial, por exemplo.
Já os custos indiretos são compostos pelo impacto que a obesidade traz sobre o trabalho dos indivíduos. Considerar esses custos é importante, afinal, a obesidade está associada a outras condições de saúde – como diabetes e hipertensão – que afetam as condições de trabalho do indivíduo. A compreensão desses custos pode incentivar empresas a adotarem programas de prevenção à obesidade, por exemplo.
Por fim, há o caso dos custos intangíveis. Nesse caso, há uma dificuldade de medir o impacto monetário, mas o objetivo é captar o impacto da obesidade na qualidade de vida e do bem-estar dos indivíduos. Custos intangíveis da obesidade incluem, por exemplo, impactos na imagem corporal, discrminação e prejuízos nas relações interpessoais.
O estudo “Custos econômicos da obesidade no Brasil: aspectos metodológicos” dá um grande passo na missão de compreender o custo financeiro que pode ser atribuído à obesidade. Para pesquisadores da área, o working paper do PBO traz os melhores caminhos para medir os custos diretos, indiretos e intangíveis da obesidade.
Além disso, o artigo traz um compilado das principais bases de dados disponíveis no Brasil para conseguir responder à pergunta: “como determinar os custos da obesidade no Brasil?”. Nesse caso, ganham destaque dados vindos do SUS (Sistema Único de Saúde) e da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Por ser um fenômeno complexo, a obesidade precisa ser observada a partir de caminhos diversos, que perpassam, pelo menos, as pessoas por ela acometidas, suas famílias, as operadoras de saúde e o governo. E buscar as melhores metodologias, que possam, inclusive, ser replicáveis, permite um melhor investimento de recursos no cuidado, na saúde suplementar e nas políticas públicas.
O cuidado da obesidade envolve diversos atores e setores, por isso, medir esses custos não é uma tarefa fácil. Além disso, a pesquisa revelou que a subutilização do CID (Classificação Internacional de Doenças) é um entrave para melhor determinar os custos da obesidade. Como solução, o working paper apontou o desenvolvimento de bases de dados de custos e levantamentos epidemiológicos de prevalência como um caminho para melhor calcular os custos da obesidade.
Sobre essas dificuldades, Jaqueline Gentil aponta que “é essencial diversificar as metodologias de pesquisa, considerando cálculos de custos em nível individual, ao mesmo tempo que se padronizam as técnicas para possibilitar a comparação e a complementação dos resultados”.
O Brasil tem enfrentado um aumento significativo nas taxas de obesidade nas últimas décadas. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 60,3% da população adulta brasileira está acima do peso, e, desses, 25,9% têm obesidade. Com isso, os custos dessa doença também ficam cada vez mais significativos.
Uma pesquisa feita pelo IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) junto com a Orizon mostrou que, entre 2015 e 2021, os custos do diabetes mellitus relacionado à obesidade de grau 3 no Sistema Suplementar foram de, em média, R$ 76,9 milhões por ano.
Outro estudo, também utilizado na construção do working paper, realizado pela Unifesp e financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), aponta que, em 2019, ao menos R$ 1,5 bilhão dos R$ 6,8 bilhões de gastos diretos pelo SUS com DCNTs, podem ser atribuídos ao sobrepeso e à obesidade.
Os custos da obesidade como um todo envolvem, por exemplo, o tratamento multidisciplinar que a doença exige, o que inclui mudanças na alimentação, aumento de atividade física e até intervenções cirúrgicas, cujo custo aparece no sistema de saúde.
O working paper do PBO foi lançado em live no canal do YouTube. Por lá, você acompanha as principais novidades deste universo.
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