Painel Brasileiro da Obesidade
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Rede 'Saúde sem Gordofobia' reúne profissionais de saúde preparados para atender pessoas com obesidade e para o combate à gordofobia
André Derviche Carvalho
7 de out de 2024 (atualizado 7 de out de 2024 às 10h27)
O preconceito está entre os principais obstáculos para o cuidado da obesidade. Considerando que a estigmatização muitas vezes parte dos próprios profissionais de saúde, a iniciativa Saúde sem Gordofobia surgiu para qualificar a formação desses profissionais. Assim, o projeto disponibiliza uma rede com indicações de profissionais de saúde capacitados para o combate à gordofobia.
Um dos princípios da Saúde sem Gordofobia se deu no WhatsApp, onde foi criado um grupo para troca de experiências entre profissionais de saúde envolvidos no cuidado da obesidade.
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Mais tarde, a Saúde sem Gordofobia atuou na pandemia de coronavírus. Durante esse momento, os profissionais formaram um mutirão para garantir um laudo a pessoas com obesidade. Com isso, esses indivíduos conseguiram garantir lugar prioritário na fila de vacinação contra a Covid-19.
A Saúde sem Gordofobia tem como missão desconstruir o preconceito que existe no atendimento à pessoa com obesidade nos sistemas de saúde. Assim, o paciente recebe um atendimento mais empático e, consequentemente, adere mais às propostas do tratamento, que incluem mudanças de estilo de vida.
Além da presença nas redes sociais, a Saúde sem Gordofobia também possui um curso de qualificação voltado a profissionais de saúde. Nele participam médicos, nutricionistas e psicólogos. Nesse sentido, a ideia é aprimorar o atendimento que esses profissionais oferecem ao paciente com obesidade, como explica a psicanalista Laís Sellmer, uma das fundadoras da rede:
“O que eu diria para cada profissional de saúde é que precisamos conhecer o ser humano que está na nossa frente. Tudo isso interfere na adesão ao tratamento proposto”
Ou seja, é papel do profissional de saúde estar a par da vida do paciente por completo, o que inclui saber dos seus hábitos de vida e condições socioeconômicas. O cuidado da obesidade também deve ser convidativo. Isso significa que o paciente deve assumir um papel ativo no processo.
Um working paper do PBO (Painel Brasileiro da Obesidade) já mostrou que a formação de profissionais de saúde carece de um enfoque específico para obesidade. Como resultado, estudantes chegam ao atendimento clínico com estigmas que prejudicam o atendimento à pessoa com obesidade e dificultam o combate à gordofobia.
“Todo mundo tem muito a aprender sobre gordofobia. Isso vai muito além de cuidar ou não da pessoa com obesidade. Aqui lutamos muito pela qualificação e pela melhor formação do profissional de saúde desde a graduação para não ter uma prática estigmatizante”, diz Doralice Ramos, do PBO
Portanto, a relação terapêutica entre médico e paciente melhora com um profissional mais preparado para lidar com a realidade da pessoa com obesidade. Isso inclui usar a linguagem correta e compreender plenamente os fatores que levaram o paciente àquela condição, sem estigmas.
“A gordofobia invade tanto o psiquismo que altera várias funções. Por exemplo, tive pacientes com vergonha de comer em público. A gordofobia causa um mal-estar, uma sensação de inadequação. Cada pessoa reage de uma forma”, relata Laís Sellmer
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