Painel Brasileiro da Obesidade
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Vice-presidente do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) defende que doença deve ser tratada em cursos de educação física, tanto escolares quanto universitários
André Derviche Carvalho
21 de jul de 2022 (atualizado 7 de ago de 2022 às 17h20)
Mais da metade da população brasileira encontra-se acima do peso. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou que, até 2020, 60,3% dos brasileiros estavam nessa situação. O problema também afeta os mais novos: até 2019, 10% crianças estavam acima do peso, segundo estudo encomendado pelo Ministério da Saúde. Assim, o ambiente escolar, principalmente por meio das aulas de educação física, pode se tornar um aliado valioso no cuidado dos primeiros quadros de obesidade no indivíduo.
Em live do Painel Brasileiro da Obesidade (PBO), Carlos Alberto Eilert, vice-presidente do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), citou a importância de proposições como o Projeto de Lei (PL) 416/2016, vetado em 2018 pelo governo do Estado do Mato Grosso. A iniciativa colocaria como obrigatória a presença de um profissional graduado em Educação Física para ministrar aulas dessa disciplina em escolas públicas e privadas do estado. Além disso, o PL também instituiria um mínimo duas aulas semanais de Educação Física para cada turma do ensino médio e três para cada turma da educação infantil e fundamental.
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O resultado da implementação do PL poderia servir como um estímulo a práticas esportivas de forma mais coordenada. “Com a pandemia [do coronavírus], as crianças ficaram mais em casa, menos ativas e as escolas não receberam os estudantes. Acredito que nós podemos começar a vencer isso junto às aulas de Educação Física, mas precisamos convencer também os administradores”, defende Eilert.
As salas de aula das escolas brasileiras não são as únicas a terem problemas na forma como lidam com a questão da obesidade. Dentro os cursos universitários da área da Saúde mais bem colocados no Brasil, somente dois possuem o tema da obesidade em suas matrizes curriculares da graduação (Medicina na Universidade de São Paulo e Nutrição na Universidade Federal do Amazonas). A temática acaba ficando restrita a cursos de pós-graduação. O levantamento fez parte de um dos working papers produzidos pelo PBO.
Diante desse cenário, o vice-presidente do CONFEF apoia uma abordagem específica da obesidade no curso de Educação Física. Por meio de uma proposta curricular para a graduação, ele defende a existência da obesidade como disciplina. A etiologia, fisiopatologia assim como métodos de avaliação, prevenção e tratamento da doença seriam os principais eixos a serem tratados nessa matéria dedicada exclusivamente à obesidade. Desse modo, é possível movimentar a criança desde a escola para que ela seja praticante de alguma atividade física no futuro.
“O profissional de Educação Física não faz receita de emagrecimento. Ele trabalha a promoção da saúde aconselhando aquela outra pessoa para que ela também procure um profissional da área da Nutrição e Medicina, por exemplo”, também alerta Eilert.
O CONFEF em si não tem o poder de intervir nos currículos dos cursos universitários. Porém, seu vice-presidente defende que a inclusão da obesidade deve ser debatida em instâncias superiores e difundida em discussões, como busca fazer o PBO. “Trabalhar a fisiopatologia ou a etiologia é conhecer com profundidade o que a disciplina obesidade traz”, argumenta.
Além disso, Eilert acredita que os profissionais da Educação Física podem trabalhar mais alinhados à fisioterapia, principalmente quando os primeiros buscam maior aprofundamento na área da anatomia: “Temos que olhar para o cidadão como um todo. Eu tenho que aprender como você funciona”.
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