Prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade

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Prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade

Prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade
2021
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Ficha da publicação

Nome da publicação: Prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade

Autores: Arieta Carla Gualandi Leal; Cíntia Pereira Donateli; Fernanda de Carvalho Vidigal; Gabriella Oliveira Ferreira; Letícia Soares de Freitas; Luciana Saraiva da Silva; Maíra Mendes Coelho; Mariana De Santis Filgueiras; Marina Rodrigues Barbosa; Túlio da Silva Junqueira

Fonte: Universidade Federal de Viçosa

Publicado em: 2021

Tipo de arquivo: Relatório

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Resumo

A organização do conteúdo apresentado nesse livro se dá mediante apresentação de quatro capítulos principais: prevenção, diagnóstico, tratamento do sobrepeso/obesidade e, cuidado e autocuidado no enfrentamento da obesidade e promoção da saúde. Em todos, apresentamos as bases teórico-científicas conjuntamente com ferramentas práticas para a atuação do profissional de saúde no seu cotidiano de trabalho.

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Por que o tema é relevante?

Nos últimos anos, a prevalência de obesidade tem crescido no Brasil devido, entre outras coisas, ao aumento de ambientes obesogênicos, isto é, locais onde há desestímulo à prática de atividade física e promoção do consumo de alimentos ultraprocessados. Não tem sido suficiente informar aos indivíduos sobre um estilo de vida saudável para reverter esse quadro. Além disso, é preciso cuidado na abordagem à pessoa com obesidade para evitar estigmas relacionados à imagem corporal e aos cuidados com sua saúde.

Qual é o objetivo do estudo?

Este é um documento produzido pela Rede de Enfrentamento da Obesidade em Minas Gerais (RENOB-MG) e compõe a coleção Enfrentamento da Obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS): Estratégias para Profissionais de Saúde. Neste volume, são discutidas a prevenção da obesidade, as condutas para diagnóstico, as abordagens terapêuticas e o estigma da obesidade. 

Quais as principais conclusões?

A prevenção é compreendida como “o conjunto de ações que pretende evitar a doença em uma pessoa ou população, removendo fatores que podem causar tal desfecho, mediante proteção da saúde”. A partir dessa conceitualização, o documento deixa clara a importância da atuação interdisciplinar, tendo em sua base a Atenção Básica para, aos poucos, incorporar estratégias específicas dos demais níveis de prevenção. As ações em saúde não se limitam ao indivíduo com obesidade. É preciso o apoio familiar, a integração entre serviços de saúde e comunidade e a intersetorialidade entre as macropolíticas de saúde. 

Como apresentado acima, a prevenção ocorre em diferentes níveis (primário, secundário, terciário e quaternário). O nível primário deve ser direcionado a todos os indivíduos. Ela corresponde aos programas, instrumentos e ações de promoção da alimentação saudável e da prática de atividade física. São exemplos dessa ampla rede o Guia Alimentar para a População Brasileira, as equipes de Estratégia de Saúde da Família, Programa de Saúde na Escola e o Amamenta e Alimenta Brasil. À atenção primária, são complementados os demais níveis, evitando a ação fragmentada entre eles. Nesta pirâmide, a Atenção Ambulatorial Especializada e a Atenção Hospitalar exemplificam a atuação à nível secundário e terciário, respectivamente. 

O cuidado relacionado à obesidade deve estar presente em todas as fases da vida, desde a criança até o idoso. As particularidades de cada momento devem ser consideradas. Na fase adulta, a abordagem fica clara a partir do algoritmo das ações de prevenção na obesidade. Os autores especificam que:

  • a prevenção primária envolve um estilo de vida saudável, a ingestão adequada de água e a prática regular de atividade física. Participam dela todos os indivíduos, inclusive os sem excesso de peso;
  • a atenção secundária é necessária para aqueles que têm índice de massa corporal (IMC) acima de 25 kg/m². Além das ações a nível primário, é importante o acompanhamento nutricional individual, o apoio terapêutico e participação da pessoas em grupos de promoção à saúde;
  • o nível terciário ocorre a utilização de medicamentos e a cirurgia. Ele é voltado para as pessoas com obesidade diagnosticada. Na obesidade grau I (IMC > 30 kg/m²), mantém-se as ações já citadas na atenção primária e secundária e se acrescenta a monitorização com exames de rotina para verificar o surgimento ou agravamento de doenças associadas à obesidade. Na obesidade grau II (IMC > 35 k/m²), quando há presença de comorbidades, as complicações do excesso de peso podem ser maiores do que os risco da cirurgia bariátrica, portanto, ela pode ser indicada. O mesmo ocorre na obesidade grau III (IMC > 40 kg/m²).

O diagnóstico precoce da obesidade é fundamental para evitar a progressão da doença e surgimento de complicações de saúde e para reduzir os gastos governamentais. Nos últimos anos, tem crescido o número de procedimentos cirúrgicos. É importante lembrar que, além dos custos, as cirurgias bariátricas podem acarretar complicações no pós-operatório. Por isso, é fundamental o rastreamento precoce e adequado da obesidade. Para o diagnóstico, deve-se associar às medidas antropométricas, a utilização de indicadores clínicos, como os exames laboratoriais, a análise do consumo alimentar, o acompanhamento dos aspectos psicológicos da pessoas e a avaliação dos determinantes ambientais da obesidade.

O sucesso no tratamento do sobrepeso e obesidade está diretamente relacionada à atuação multiprofissional de profissionais capacitados, ao olhar humanizado e à formação biopsicossocial do indivíduo. Diferentes abordagens, baseadas em evidências, são discutidas pelos autores, dentre elas: o balanço energético negativo, o projeto terapêutico singular (PTS), a abordagem centrada na pessoa (ACP), o aconselhamento nutricional, a terapia cognitivo-comportamental, as intervenções baseadas em mindfulness e o comer intuitivo. Finalmente, eles apresentam uma análise crítica sobre as dietas da moda, que não se fundamentam na ciência, para promover a perda de peso.  

Embora o último capítulo do documento seja sobre o estigma da obesidade, ele traz uma abordagem positiva ao destacar o autocuidado, que é uma responsabilidade compartilhada tanto do indivíduo como do profissional de saúde, ou seja, este último deve ter em sua atuação a promoção do cuidado apoiado e a prática da compaixão.