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Novo Atlas Mundial da Obesidade detalha cenário do sobrepeso e obesidade no Brasil e alerta para desafios do cuidado
André Derviche Carvalho
4 de mar de 2025 (atualizado 3 de mar de 2025 às 15h12)
Registro de uma aferição de pressão pelo sistema de saúde. Foto: Agência Brasil
A obesidade cresce em ritmo acelerado no mundo, mas a maioria dos países não tem um sistema de saúde pronto para lidar com o problema. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, publicado pela Federação Mundial da Obesidade e traduzido para o português pelo Instituto Cordial, apenas 13 países atendem a todos os indicadores de prontidão para o enfrentamento da obesidade. Outros 67 países não possuem sequer um dos critérios avaliados.
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O Brasil, assim como grande parte do mundo, ainda não oferece uma estrutura adequada para prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade, o que contribui para o agravamento da doença e seus impactos na saúde pública.
O Atlas revela que 68% dos adultos brasileiros têm sobrepeso e 31% obesidade, evidenciando a urgência de ações efetivas. Apesar das diretrizes nacionais para o manejo da obesidade e promoção da atividade física, o Brasil ainda carece de protocolos específicos para a inatividade física e pesquisas regulares sobre a obesidade adulta.
O relatório avaliou oito indicadores que medem a prontidão dos sistemas de saúde para lidar com a obesidade. Além disso, também analisou cinco políticas essenciais para prevenção da doença, como taxação de bebidas açucaradas, restrições à publicidade infantil de ultraprocessados e incentivos fiscais para alimentação saudável.
O Brasil já taxa bebidas açucaradas e restringe a publicidade de ultraprocessados para crianças, mas ainda não oferece incentivos fiscais para alimentos saudáveis, nem tributa produtos ricos em gorduras, açúcares e sal, medidas que poderiam reduzir o consumo desses itens. Além disso, o Atlas avaliou não haver estímulos suficientes para a prática de atividade física, outro fator essencial no controle da obesidade.
Em 2021, o Brasil registrou quase 61 mil mortes prematuras relacionadas ao excesso de peso, além de 1,7 milhão de anos de vida perdidos devido a doenças crônicas associadas à obesidade, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e câncer. O relatório aponta que, sem mudanças urgentes, esses números continuarão crescendo, pressionando ainda mais o sistema de saúde.
O Atlas mostra que a falta de preparo dos sistemas de saúde não é um problema restrito ao Brasil. O único país que atende a quase todos os critérios de prontidão é Tonga, enquanto México, Reino Unido, Índia, Finlândia e Malásia apresentam um nível relativamente elevado de preparação. No restante do mundo, incluindo o Brasil, a ausência de políticas integradas, a falta de monitoramento e o acesso limitado ao tratamento dificultam avanços concretos no combate à obesidade.
O Atlas Mundial da Obesidade 2025 reforça que enfrentar a obesidade exige uma estratégia integrada, com ações coordenadas entre governos, setor privado e sociedade civil. Além do fortalecimento das políticas de saúde, é fundamental garantir acesso ao tratamento e promover ambientes que incentivem hábitos saudáveis. Sem um esforço conjunto, a tendência é que a obesidade continue avançando, sobrecarregando os sistemas de saúde e comprometendo a qualidade de vida da população.
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