Painel Brasileiro da Obesidade
Buscar
Estratégia visa garantir um sistema de saúde mais justo e igualitário, mas depende de investimento em infraestrutura tecnológica
André Derviche Carvalho
22 de jan de 2025 (atualizado 22 de jan de 2025 às 14h34)
A Estratégia de Saúde Digital avança no Brasil com novos marcos regulatórios e investimentos. No entanto, especialistas apontam que a integração e compartilhamento de dados em saúde ainda são desafios. É o que se chama de interoperabilidade de dados, pilar que envolve não só gestores de saúde, mas governos e empresas de tecnologia.
“Existe um grande problema de interoperabilidade de dados. Nossos dados de saúde são muito valiosos e são represados nas diversas interações que temos com os profissionais diretamente ou com empresas de saúde”, comenta José Luciano Monteiro, médico neurologista e consultor estratégico de programa de Telessaúde e Saúde Digital.
Acompanhe todas as novidades da iniciativa
Por exemplo, a interoperabilidade de dados em saúde aparece quando se leva informações de um paciente de um hospital para outro. Ou de um plano de saúde para outro. Assim, a interoperabilidade permite que sistemas de saúde diferentes possam compartilhar informações entre si. Essa é uma das bases da Estratégia de Saúde Digital.
Porém, Monteiro aponta que incrementar esse modelo exige esforços nem sempre presentes: “Não é de interesse comercial de nenhuma empresa compartilhar os dados de seus clientes, principalmente se vierem dados demográficos e de contato. Os únicos interessados nesse momento são o profissional de saúde e o paciente”.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera a Estratégia de Saúde Digital como uma forma de promover saúde no mundo inteiro de forma mais justa e igualitária. Nesse sentido, cada país é responsável por elaborar e implementar sua própria Estratégia de Saúde Digital.
No Brasil, esse processo começou em 2020, durante a pandemia do coronavírus. Em abril do mesmo ano, o governo federal sancionou a lei temporária da telemedicina, o que possibilitou a realização de consultas de forma remota.
Mais recentemente, em 2023, o governo federal criou a Secretaria de Informação e Saúde Digital (Seidigi). Este órgão fomenta o uso de soluções digitais, como, por exemplo, o prontuário eletrônico, a telessaúde, a disseminação de informações estratégicas em saúde e a proteção de dados.
“O principal objetivo era melhorar o acesso à saúde aumentando a qualidade e eficiência no país todo utilizando a tecnologia digital para isso”, diz Monteiro
A implementação da Saúde Digital depende da participação de todos os entes federativos, além do setor privado, com operadoras de saúde e empresas de tecnologia. Nesse sentido, o Ministério da Saúde surge como o principal gerenciador dessa estratégia a nível nacional. Enquanto isso, estados e municípios cuidam da coleta e armazenamento de dados de saúde e empresas fornecem tecnologia necessária para a interoperabilidade.
Outro eixo da Estratégia de Saúde Digital é o fortalecimento da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), que é um projeto estruturante do Conecte SUS, aplicativo que acompanha a trajetória do cidadão no SUS (Sistema Único de Saúde). Além disso, a Estratégia também depende do fortalecimento do Informatiza APS (Atenção Primária à Saúde), programa que apoia a informatização das unidades de saúde.
A digitalização do sistema de saúde pode ser exemplificada por diversas iniciativas. Entre elas, destacam-se o prontuário eletrônico, Inteligência Artificial, big data e telemedicina. Além disso, há os serviços de mobile health, com aplicativos de saúde mental e até nutrição, por exemplo. Tudo isso é uma oportunidade para enriquecer a RNDS e favorecer a interoperabilidade de dados de saúde.
Nesse contexto, Monteiro ressalta a importância da governança sobre esses dados: “A governança faz toda diferença no resultado final. Quando não se tem uma governança bem feita, com pessoas direcionadas para seus trabalhos, a liderança colocando na ponta o que é necessário para ser realizado e as prioridades, com projetos bem estruturados, não sai do lugar”.
Além disso, é também importante observar a privacidade desses dados e criar protocolos para evitar o vazamento de dados sensíveis.
Tags
Em alta
Últimas
Atuação em rede no universo da obesidade aumenta em conectividade
Cordial apresenta trabalhos em Congresso de Epidemiologia
Curso capacita comunidade para cuidado de diabetes nas escolas
O que é preciso saber antes de realizar a cirurgia bariátrica?
Especialistas defendem criação de Política de Práticas Corporais e Atividades Físicas