Painel Brasileiro da Obesidade
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Professor e pesquisador da Uniabeu Phillipe Rodrigues analisa a formação do profissional de Educação Física e indica dificuldades para o enfrentamento da obesidade
André Derviche Carvalho
1 de ago de 2022 (atualizado 7 de ago de 2022 às 17h20)
De acordo com os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde, uma pessoa deve realizar 150 minutos de atividades físicas semanalmente. Os benefícios não são poucos e incluem a prevenção de quadros de obesidade. Porém, há quem diga que tratar dessa doença pensando somente no quanto de energia uma pessoa gasta não é suficiente. Phillipe Rodrigues é professor e pesquisador da Uniabeu, de Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Ele defende que o educador físico deve se aprofundar no cuidado da obesidade.
Em participação na live do Painel Brasileiro da Obesidade (PBO), uma iniciativa do Instituto Cordial, Phillipe apontou que outros fatores além do gasto calórico devem entrar na discussão do cuidado da obesidade: “Historicamente, na Educação Física, temos uma formação muito biologicista focada no balanço energético. Isso atrapalha. Eu também posso tratar a atividade física a partir das questões de saúde mental e de contato com o corpo”.
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Outra defasagem identificada pelo pesquisador da Uniabeu é a falta de contato com o Sistema Único de Saúde (SUS) dentro da graduação de Educação Física. Sem ter conhecimento sobre o sistema público de saúde brasileiro, o educador físico acaba saindo da faculdade sem a noção ideal de como combinar múltiplas disciplinas no tratamento de um problema como a obesidade. Vale lembrar que profissionais da nutrição, fisioterapia e até da psicologia podem contribuir com o cuidado dessa doença.
Resumidamente, o educador físico tem como um de seus papéis mergulhar na complexidade presente na obesidade. Em outras palavras, ele deve compreender os fatores individuais e coletivos que levam um indivíduo a hábitos alimentares. Assim, uma vez compreendida a realidade em que um sujeito está inserido, fica mais fácil indicar a forma mais eficiente para se tratar a obesidade. “Atividade física que dá prazer é aquela que vai te manter mais tempo. Procure alguma coisa que dê prazer e que se encaixe dentro da rotina”, sugere Phillipe.
Além do conforto, mais benefícios podem ser encontrados na atividade física quando ela é praticada em grupo, por exemplo. “Isso está relacionado a um fator motivacional e de adesão”, aponta Phillipe, lembrando, porém, que o profissional de Educação Física tenha cuidado para não perder o controle e atenção sobre os integrantes do grupo.
Portanto, especialistas defendem que o tratamento da obesidade deve passar por um cuidado multidisciplinar. Dentro disso, a participação de um profissional da saúde é recomendada. Mas para ela funcionar, esse profissional deve ter conhecimento não só da doença, mas também do sistema de saúde no qual ela é tratada. “Temos uma lacuna muito grande no nosso processo de formação, que é o conhecimento sobre o SUS”, ele afirma reafirmando a importância de mudanças nos cursos de Educação Física.
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