Painel Brasileiro da Obesidade
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Estudo apontou que, apesar da popularidade na audiência, Jogos Olímpicos ainda não conseguem disseminar prática da atividade física na população
André Derviche Carvalho
7 de ago de 2024 (atualizado 29 de ago de 2024 às 13h43)
Bilhões de pessoas assistem aos Jogos Olímpicos mundialmente. Porém, a esperança de que essa popularidade pudesse se traduzir em mais pessoas praticando atividade física não se confirma. É o que aponta um estudo feito durante edições dos Jogos Olímpicos deste século. Por isso, especialistas defendem investimento em comunicação e ampliação do acesso a práticas de atividades.
Publicado em 2021 na revista Lancet, o estudo apontou vários legados que os Jogos Olímpicos podem deixar para a cidade sede. No entanto, o incentivo à prática de exercícios físicos não está entre esses legados.
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“Os Jogos Olímpicos não têm efeito na prática de atividade física. Perdemos essas oportunidades de ressignificar a atividade física”, diz o professor Ciro Winckler, do curso de Educação Física da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) lembrando de quando o Brasil sediou as Olimpíadas, em 2016.
Assim, eventos como os Jogos Olímpicos, que aproximam bilhões de pessoas aos mais diversos tipos de esporte, podem ser um caminho para ampliar a prática de atividade física. A iniciativa pode ser vista com bons olhos, afinal, exercícios físicos consistem em uma das formas de prevenção e manejo de doenças como a obesidade.
“O esporte não é só rendimento, ele tem outras manifestações. O esporte é educação, saúde, sendo uma ferramenta terapêutica para a obesidade, por exemplo”, diz o professor Winckler. Ele cita que nos séculos 18 e 19, o esporte já aparecia como uma forma de reabilitar soldados feridos nas guerras.
O eporte também pode ser visto como ferramenta de inclusão. Afinal, de quatro em quatro anos, além dos Jogos Olímpicos, também ocorrem os Jogos Paralímpicos, que desafiam estigmas sociais. Sem público ao vivo, a audiência acumulada das Paralimpíadas de Tóquio 2020 foi de 4,2 bilhões de pessoas.
Apesar de ainda ter um longo caminho a percorrer na disseminação da atividade física entre a população, o Brasil recebeu bons legados dos Jogos Olímpicos de 2016. Por exemplo, o professor Winckler cita a criação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e a construção do Centro de Treinamento Paraolímpico, inaugurado em maio de 2016 e localizado na zona sul de São Paulo.
Centro de Treinamento Paraolímpico Brasileiro, localizado na cidade de São Paulo [Foto: André Osteto Motta/Heusi Action]
Com isso, há mais ações necessárias para aumentar o nível de pessoas que praticam atividade física no Brasil. Nesse sentido, investimento nos primeiros anos de vida mostra-se uma estratégia interessante: “Temos que aumentar a quantidade de equipamentos públicos para prática de atividade física. Temos que oportunizar mais práticas não sistematizadas em que a criança vai olhar e fazer”, diz o professor Winckler.
Ele critica o fato de que aulas de educação física não são obrigatórias para pessoas com deficiência nas escolas, sugerindo uma revisão da grade curricular.
Pensando nesses aspectos, grupos da Unifesp organizaram o portal paradesporto.unifesp.br. Lá, é possível conferir de forma didática e acessível diversos materiais voltados a estimular e instruir a prática de atividade física para pessoas com deficiência.
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