Painel Brasileiro da Obesidade
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Valor representa 22% dos gastos totais com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) no sistema público de saúde do Brasil
André Derviche Carvalho
5 de maio de 2022 (atualizado 7 de ago de 2022 às 17h20)
Além de condições clínicas individuais, tanto a obesidade quanto o sobrepeso podem ser encarados como questões de saúde pública. Fatores como exposição a alimentos ultraprocessados, alta no preço de alimentos saudáveis e até falta de acesso a atividades físicas fazem dos dois problemas mais generalizados. Para se ter uma ideia desse dimensão, pode-se analisar o impacto financeiro e os custos da doença. Nesse sentido, o valor gasto no cuidado da obesidade e sobrepeso em 2019 no Sistema Único de Saúde (SUS) – que atende pelo menos 150 milhões de brasileiros – foi de R$ 1,5 bilhão.
O levantamento foi feito por uma pesquisa da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o estudo acabou transformado em site. Lá, qualquer pessoa pode explorar os dados relacionados aos custos da epidemia de obesidade no Brasil. Os dados foram apresentados em live do Painel Brasileiro da Obesidade (PBO).
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A despesa de R$ 1,5 bilhão no SUS mostra bem de que forma a obesidade e o sobrepeso mostram-se, mais do que condições individuais, como algo que diz respeito a políticas públicas. Para se chegar nesse valor, a pesquisa da Unifesp baseou-se em gastos hospitalares e ambulatoriais com a obesidade e com o sobrepeso. Esse valor representa 22% do gasto anual direto com as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), o qual foi de R$ 6,8 bilhões.
No âmbito específico da obesidade e do sobrepeso, foi constatado que os custos atribuíveis a essas duas condições foram maiores nas mulheres (R$ 762 milhões) do que nos homens (R$ 730 milhões). Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina foram os três estados com maiores custos atribuíveis. Acre, Amapá e Pará, por outro lado, tiveram o menor valor desse indicativo.
Com relação ao número de mortes atribuíveis tanto ao excesso de peso quanto à obesidade, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul lideram. Enquanto isso, Amapá, Amazonas e Alagoas aparecem por último.
Tida como uma epidemia, a obesidade surge cada vez mais como um problema a ser resolvido pela via das políticas públicas. Por isso, as soluções incluem estratégias coletivas de prevenção, bem como cuidado para conter os casos. Não é à toa que o próprio Ministério da Saúde, em seu recém publicado “Plano de Ações Estratégicas para enfrentamento das DCNT no Brasil (2021-2030)” estipulou a meta de deter o crescimento da obesidade em adultos no país até 2030.
Porém, a realidade desafia a meta: projeções para 2030 – feitas em estudos também financiados pelo CNPq – indicam que 68% da população poderá estar com excesso de peso e 26% com obesidade. As preocupações aumentam junto com esses números, uma vez que obesidade e sobrepeso são fatores de risco para outras DCNTs, como doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer. Em 2019, por exemplo, 63,1% dos casos de diabetes mellitus 2 foram causados pelo excesso de peso no Brasil. Esse último número foi retirado da pesquisa da Unifesp.
Uma referência para contornar esse verdadeiro problema de saúde pública foi a política de combate ao tabagismo no Brasil. Para se ter uma ideia, entre 1989 e 2019, a porcentagem de fumantes no Brasil foi reduzida de 34,8% para 12,6%, segundo o Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco. As medidas incluíram restrição de publicidade, mais impostos e restrição do uso em ambientes livres.
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