Estigma relacionado ao peso corporal: da compreensão teórica à mudança no cuidado em saúde

Biblioteca

Estigma relacionado ao peso corporal: da compreensão teórica à mudança no cuidado em saúde

Estigma relacionado ao peso corporal: da compreensão teórica à mudança no cuidado em saúde
2021
Acusar erro

Ficha da publicação

Nome da publicação: Estigma relacionado ao peso corporal: da compreensão teórica à mudança no cuidado em saúde

Autores: Fernanda Baeza Scagliusi

Publicado em: 2021

Tipo de arquivo: Tese/Dissertação

Link para o original

Resumo

Introdução - O estigma relacionado ao peso corporal é a discriminação moral que as pessoas com sobrepeso e obesidade vivenciam por causa das mensagens sociais negativas associadas aos seus corpos, como preguiça, gula, descontrole, falta de força de vontade, de motivação, de disciplina, de competência, de inteligência e de compromisso, entre outras. A literatura científica, especialmente do Norte Global, apontou que este estigma é crescente e altamente presente entre profissionais de saúde. Todavia, pesquisas nesse campo podem avançar em termos teóricos e em aplicações práticas, investigando tal fenômeno para além do Norte Global e propondo meios para a diminuição da estigmatização no cuidado em saúde. Objetivos – 1) Revisar sistematicamente o estigma sentido relacionado ao peso corporal (“felt weight stigma”) por pessoas com sobrepeso e obesidade na América Latina, África e Ásia; 2) Revisar os protocolos de oficinas educativas do estudo “Apoio e análise para a implementação das ações na atenção básica da linha de cuidado para sobrepeso e obesidade nos municípios do Grande ABC paulista”, para eliminar a presença de atitudes potencialmente estigmatizantes nos mesmos e acrescentar práticas e informações que possam contribuir para a diminuição do estigma relacionado ao peso corporal por parte dos/as profissionais de saúde. Percursos metodológicos – Para atender o primeiro objetivo, realizamos uma revisão sistemática da literatura seguindo diretrizes consolidadas, com etapas de busca, seleção dos estudos, extração dos dados e avaliação da qualidade. Os estudos foram incluídos se investigaram o estigma sentido relacionado ao peso corporal de crianças, adolescentes, adultos e idosos com sobrepeso ou obesidade, e que viviam na América Latina, África ou Ásia. Para atender o segundo objetivo, construímos uma lista de características dos serviços de saúde e práticas de profissionais de saúde da atenção básica que diminuem a estigmatização de pessoas com obesidade e a mesma foi avaliada por especialistas e pessoas leigas com obesidade, por meio do método Delphi. Tendo esta lista como nosso referencial, os protocolos foram revistos, com exclusão de excertos potencialmente estigmatizantes e inclusão de trechos que pudessem reduzir o estigma relacionado ao peso corporal. Resultados – Quarenta estudos foram incluídos na revisão sistemática. Eles se focaram em três eixos: sentindo-se estigmatizado/a; consequências do estigma sentido; apoio às pessoas que vivenciam o estigma sentido, sendo que o último não foi encontrado em estudos africanos. A experiência de estigma sentido pareceu ser comum, e sofrida, entre as três regiões. Atendendo ao segundo objetivo, a lista supracitada compreendeu vinte e cinco itens e foi finalizada com duas rodadas do método Delphi. Foram feitas sessenta e nove revisões nos protocolos visando antecipar situações futuras de estigmatização e preveni-las; e inserindo trechos para combater a estigmatização na prática profissional. Conclusões: Constatamos a existência do estigma sentido, em relação ao peso corporal, em diferentes populações que viviam na América Latina, África e Ásia, lugares com muitas diferenças e que normalmente não são foco de pesquisas desta área. Construímos também um caminho metodológico para diminuir o potencial estigmatizante que poderá ser utilizado por diversos protocolos voltados para o cuidado da pessoa com sobrepeso e obesidade