Painel Brasileiro da Obesidade
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Nome da publicação: Desigualdades sociais no ambiente alimentar comunitário e presença de desertos alimentares em Porto Alegre: uma análise ecológica
Autores: Daniely Casagrande Borges
Publicado en: 2023
Tipo de archivo: Tese/Dissertação
O termo ambiente alimentar, dentre outras definições, pode ser entendido como o território onde as pessoas estão inseridas e o impacto disso no seu comportamento alimentar e pode ser classificado em: organizacional, do consumidor, da informação e comunitária. O ambiente alimentar comunitário busca o entendimento sobre o acesso e a disponibilidade dos estabelecimentos alimentares. Nenhum estudo dos ambientes alimentares pode ser usado como abordagem à identificação de desertos alimentares. Os desertos são áreas onde existem poucos ou nenhum estabelecimento que comercialize alimentos considerados saudáveis. O ambiente alimentar não se distribui igualmente, nem aleatoriamente, entre as populações, uma vez que o ambiente é diretamente influenciado pelas características socioeconômicas dos territórios. O presente trabalho tem como objetivo descrever o ambiente alimentar comunitário e a presença de desertos alimentares em Porto Alegre, bem como sua associação com características demográficas e socioeconômicas da população local. O estudo apresenta uma abordagem ecológica, sua unidade de análise para os setores censitários da cidade de Porto Alegre. Os dados dos estabelecimentos alimentares foram disponibilizados pela Secretaria da Fazenda Estadual, no ano de 2020. Enquanto os dados sociodemográficos foram provenientes do Censo demográfico de 2010. Os procedimentos metodológicos seguiram os seguintes passos: (1) mapeamento e classificação dos estabelecimentos alimentares conforme o grau de processamento dos produtos comercializados (In natura e minimamente processados, mistos, ultraprocessados, supermercados e hipermercados); (2) identificação dos desertos alimentares (3) cálculo do Índice de Vulnerabilidade em Saúde (IVS) de cada setor censitário a partir das variáveis de saneamento e socioeconômicas que o compõe. As variáveis de saneamento incluem os domicílios com coleta de lixo interno, esgotamento sanitário inadequado e abastecimento de água inadequada; e as variáveis socioeconômicas, a razão do número de moradores por domicílio, percentual de pessoas analfabetas, percentual de pessoas com rendimento per capita de até meio salário-mínimo, rendimento nominal médio das pessoas responsáveis pelo domicílio e percentual de domicílios com pessoas de raça/cor de pele preta, parda e indígena. Análises descritivas e espaciais foram transportadas nos softwares SPSS versão 20 e Qgis versão 3.20.2. Foram excluídos 52 setores censitários que apresentavam dados sigilosos ou faltantes, totalizando uma amostra final de 2.381 setores censitários. A amostra final foi de 10.871 estabelecimentos que comercializam alimentos. Os resultados apontam que os estabelecimentos que comercializam majoritariamente alimentos ultraprocessados foram os mais frequentes na cidade (61,20%). Além disso, os setores classificados com menores IVS tiveram maiores médias de todos os tipos de estabelecimentos,enquanto os setores que foram classificados com maiores IVS (alto e muito alto) tiveram menores médias de todos os estabelecimentos. Dos 2.381 setores censitários específicos, 48,3% (n=1.150) foram classificados como desertos alimentares e quanto maior a vulnerabilidade em saúde dos setores (maior IVS) maior a probabilidade de serem classificados como desertos alimentares. Analisando as características demográficas e socioeconômicas individualmente, destaca-se ainda, que os setores censitários classificados como desertos alimentares tinham maior percentual de moradores pretos, pardos e indígenas e menor escolaridade e menores médias de renda. Desta forma, a partir de dados analisados pode-se concluir que o padrão encontrado na cidade de Porto Alegre denota um padrão possível de desigualdades sociais em saúde, em indivíduos que vivem em áreas maiores